domingo, 27 de fevereiro de 2011

MORTE PRECOCE


Em frente à igreja postada
Ajoelhada rezando
Aquela mulher coitada
Passa hora meditando
Naquele centro sagrado
O que lhe resta de amor
É contar o seu pecado
E amenizar sua dor.

Carregando trauma consigo
O remorso a remoção
Pagando o veto castigo
Da lei da compensação
Já foi moça e vaidosa
Tinha tudo em seu caminho
Na sua vida amorosa
Nunca quis ter um filhinho.

Afinal ficou gestante
Não sentindo amor materno
Com gesto repugnante
Achou num canto um inferno
Pensando num certo conforto
Riqueza casa e mansão
Provocou logo um aborto
Sem a menor compaixão.

Certa noite ela dormindo
Apareceu-lhe um anjinho
Com meiguice lhe entregando
O seguinte bilhetinho
Mamãe leia estes versos
Mais não fique constrangida
São pequenos lembretes
Deste que lhe parte a vida.

Foi tão pequeno o período
Que em seu ventre passei
Tão quietinho e tão miúdo
Em nada lhe magoei
Porque mamãe a senhora?
Lançou-me o ódio profundo?
Expulsou-me antes da hora
Sem deixar-me vir ao mundo.

Receoso a um estante
O meu começo o meu fim
Neste mundo tão gigante
Não houve lugar para mim
Eu ate li os fermentes
Do seu ventre fui gerado
Por razão incoerente
Cedo fui repugnado.

No seu subconsciente
Lendo este ato nefando
Quando vejo um inocente
Com sua mamãe brincando
Que tamanha culpa tive
De morrer precocemente
Não ver outras criancinhas
Brincar explicitamente.

Se eu tivesse nascido
Também crescido ao seu lado
Talvez de alguma coisa
Já tivesse lhe ajudado
Eu te peço confiante
No teu amor, no teu carinho
Se ainda sair gestante
Não mate meu irmãozinho.

Autor: Desconhecido.

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